É certo que a violência física contra as mulheres é um dos tipos de violência que mais encontra caminhos de divulgação na mídia, além de ser facilmente assunto de debates. É claro que existe uma razão para isso: a violência física coloca a vida em risco, e esta é a razão do maior destaque. Entretanto, é importante atentar que se há cada vez mais campanhas e leis de apoio às mulheres, não podemos de ter em mente outros tipos de violência, que podem ser mais sutis, mas que justamente por isso não recebem a mesma atenção, muito menos legislativamente.
É comum que as mulheres, ao andarem nas ruas, recebam olhares. E que, além disso, recebam elogios/cantadas/convites por parte dos homens. É complicado às vezes fazer com que a população masculina entenda que ao verbalizar algo a uma mulher na rua, ele não está sendo gentil, pelo contrário, está tendo uma atitude de desrespeito, e que não é agradável aos ouvidos femininos. Receber este tipo “cantada” é ofensivo, ainda mais porque nem sempre é um elogio que é proferido, mas muitas vezes palavras que envolvem as partes íntimas femininas e algum outro comentário sexualizado. Isso é violência verbal, e ainda não há uma lei que dê conta de denunciar este tipo de ato.
Tentar justificar este tipo de atitude é como justificar um estupro em função da roupa usada pela mulher. Por acaso um homem seria estuprado se saísse de cueca pela rua? Provavelmente não. Não é o quanto do corpo se destaca ou aparece que faz a diferença do quanto ela pode ou não ser estuprada. É uma questão ética e moral social. E as mudanças nas entrelinhas envolvendo as posições sociais de homens e mulheres merecem tanto destaque e discussão quanto quaisquer outros tipos de violência.